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17 de agosto de 2017

Tradição versus desenvolvimento: quem ganha essa briga?

Visitar o futuro tem sido, desde sempre, uma das maiores curiosidades humanas. Entender o que será, com expectativa de que há sempre uma luz no fim do túnel, faz com que muitas pessoas continuem seguindo pela vida, batalhando contra suas adversidades.  Se isso realmente fosse possível, talvez a jornada de nossas vidas fosse mais fácil. Mas, por outro lado, uma parte da graça se perderia. A graça de enfrentar o desconhecido e o novo.

Nesse sentido, talvez a melhor forma de construir um futuro melhor seja conhecendo e respeito o nosso próprio passado, e foi com essa tônica que um projeto da Fundação Alphaville integrou tradições históricas com crescimento e desenvolvimento.

Estamos falando do resgate histórico das tototós, realizado em Barra dos Coqueiros.

Tototó, para quem não sabe, é uma embarcação tradicional do estuário do rio Sergipe, que traz em seu nome o barulho característico do motor das canoas ao dar a partida. Por muitos anos, as canoas foram a única forma de realizar a travessia entre as margens do rio, sendo utilizadas para transporte cotidiano ou para as procissões religiosas. Mary Almeida, neta e filha de canoeiros, cresceu ritmada por esse som, e sentiu sua história ameaçada frente a um perigo real: a construção de uma ponte entre Aracaju e sua cidade, demandada pelo crescimento local.

“As tototós abraçam valores culturais, educacionais e econômicos das pessoas que fazem a Barra dos Coqueiros. Antes da ponte, as tototós já existiam, e serviam como fortalecimento da economia local e da cultura que já estava sendo esquecida do processo de organização da sociedade”, diz. Com o perigo iminente, era hora de agir.

Reunir o grupo de canoeiros, fortalecê-los e resgatar o orgulho de sua tradição: esse foi o caminho encontrado para que essa história tivesse uma reviravolta. Juntos, os canoeiros produziram um livreto fotográfico, contando sua história e registrando, pela primeira vez, o processo artesanal de cuidado com as embarcações. Do livro, para os holofotes: as imagens produzidas se transformaram em uma exposição, que ficou por seis meses aberta ao público no Museu da Gente Sergipana, privilegiado espaço cultural do estado. E não foi só: com a formação profissional recebida e com a repercussão dos materiais, as tototós retomaram seu espaço, agora com o viés turístico, ampliando a renda dos canoeiros e a economia local. Mais espaço para o crescimento, visibilidade para a tradição.

Para saber mais sobre essa história, clique aqui. A Fundação Alphaville, idealizadora do projeto em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente, o IPHAN, o Instituto Banese e o Museu da Gente Sergipana, conta os detalhes para você.