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Humanizar a atenção no atendimento à saúde é compreender cada pessoa em sua singularidade, em suas necessidades específicas e levando em conta seus valores e vivências como únicos, evitando quaisquer formas de discriminação, perda de autonomia e preservando a dignidade do ser humano. A equipe do CAPS – Centro de Atendimento Psicossocial, de Santana de Parnaíba, cidade da grande São Paulo, leva a sério essa premissa.
Os profissionais trazem em suas intervenções terapêuticas atividades capazes de reaproximar os pacientes de sua construção de vida e reconectá-los a momentos positivos, muitas vezes anteriores ao surgimento de patologias ou da dependência química. Considerando o contexto rural do município, uma dessas atividades é o cultivo de alimentos por meio de hortas. Em sua mais recente iniciativa, a equipe técnica contou com a participação da Fundação Alphaville na elaboração de canteiros, na área livre do CAPS, que pudessem envolver as pessoas em tratamento tanto na preparação do espaço quanto no cultivo das hortaliças.
O cultivo de horta como atividade terapêutica vem sendo cada vez mais estudado por pesquisadores brasileiros, que identificam resultados animadores em relação ao aumento da qualidade de vida de pacientes em tratamento. No desenvolvimento das atividades de cultivo, a horta funciona como uma catalizadora do resgate individual onde os pacientes se veem como atores responsáveis pelas atividades, quebrando o paradigma de paciente, que agora passa a ser protagonista. De acordo com resultados observados, os cuidados com as plantas despertam, nos participantes, o senso de responsabilidade, a partir dos cuidados que são compartilhados entre todos eles. Nota-se também a criação de vínculos emotivos e o fortalecimento das relações sociais entre os envolvidos nas atividades, com a ressignificação e a construção de novos laços, potencial elemento para a reinserção social dos pacientes.
“O processo de cultivo cria um espaço sem julgamentos, que difere do ambiente convencional de tratamento e trabalha questões como a paciência, ao acompanhar o ciclo biológico das plantas. Dessa forma, reflexões sobre o tempo individual para mudanças são abordadas em um espaço mais amigável, por exemplo. Com a produção realizada em conjunto entre pacientes, equipe técnica e especialistas em cultivo, esse espaço proporciona a quebra na hierarquia do atendimento, amplia as conexões e facilita os processos terapêuticos“, relata Camila Damasceno, Terapeuta Ocupacional e uma das responsáveis pelo projeto. Como próximos passos, a equipe espera ainda mais. “Queremos que o projeto de cultivo saia do espaço físico do CAPS e possa contribuir com a reinserção social dos participantes, com sua vida produtiva e com uma interferência positiva para a cidade, a partir da comercialização das hortaliças orgânicas para moradores do bairro, cultivadas pelas mãos dos próprios pacientes”, completa.
Para Ricardo Benitez, coordenador de Sustentabilidade da Fundação Alphaville e um dos responsáveis pela implantação da horta no CAPS, o projeto teve resultados muito positivos graças ao comprometimento de todos em aprender as técnicas de cultivo e o senso de responsabilidade. “O processo de cultivo da horta foi uma experiência de troca muito rica entre os pacientes, os funcionários do CAPS e nós, da Fundação Alphaville. Além de auxiliar no âmbito terapêutico, o cultivo trouxe uma nova oportunidade de interação para todas as pessoas daquele espaço. Os resíduos orgânicos da cozinha passaram a ir pra composteira, construída coletivamente, reduzindo a quantidade de lixo produzido, e as hortaliças cultivadas abastecem a cozinha, fornecendo produtos frescos e orgânicos, que impactam na saúde e nos hábitos alimentares dos participantes.”.
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